Eugène Green e a Hipótese do Cinema Descortinado

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Pedro Faissol lança luz sobre um intrigante padrão de encenação no cinema de Eugène Green. Para comprovar a hipótese, examina de perto os seus dois primeiros filmes: Todas as noites (2001) e O mundo vivente (2003). A abordagem proposta desfaz as fronteiras entre análise imanente, cotejo teórico e expressão pessoal, o que confere à escrita um mimetismo tonal capaz de prolongar a experiência singular do cinema de Eugène Green.

Ao abordar a obra singular do cineasta Eugène Green, Pedro Faissol opta pela via da intuição e da delicadeza em uma análise apurada de seus dois primeiros longas-metragens:Todas as noites(2001) eO mundo vivente(2003). Sua análise sensível alia-se a uma escrita ciosa da relevância dos mistérios que tais filmes encerram. Poisse tratade uma obra composta de pequenas pérolas, cuja força vem da própria fragilidade, da aparente simplicidade da crença em coisas que apenas a palavra e o cinema, em perfeita conjugação, conseguem evocar ou ressuscitar.

Não pensemos, contudo, em filmes nos quais a metafísica ou a religião assumem um caráter grave e preponderante – como ocorre, por exemplo, em diferente medida, no cinema de Raúl Ruiz ou de Andrei Tarkovski –, mas, ao contrário, em um cinema que, a partir do ascetismo e da leveza de situações banais, consegue atingir, em momentos bastante peculiares,a graça pela imanência – algo muito mais próximo, até certo ponto, do cinema de Robert Bresson.

Transitando com desenvoltura pelo teatro,pela pintura e pela filosofia da arte,este livro mantém viva a chama da própria obra que analisa, ao revelar as nuances de um “cinema descortinado”, tal como propõe o autor na hipótese do título, sem com isso sacrificar nada de seu mistério inerente.

A mesma cortina que separa a plateia do palco ou a realidade da ilusão, em um jogo teatral tradicional, serve aqui de inspiração para o “efeito-cortina”, contra o qual Green faz desfilar ora uma profusão de sinais alusivos ora a presença manifesta das coisas, conectando o mundo sensível àquele invisível, apenas sonhado. A uma obra que mescla sutileza e comicidade, caberia nada menos que um olhar generoso e comprometido com seu objeto, o que Pedro Faissol garante de maneira eficaz e, por vezes, brilhante.

CRISTIAN BORGES, cineasta, professor do Departamento de Cinema, Rádio e Televisão da Universidade de São Paulo e doutor em Cinema e Audiovisual pela Universidade Sorbonne Nouvelle - Paris 3.

Sobre o autor

Pedro Faissol é pesquisador e professor de cinema. Doutor e Mestre em Meios e Processos Audiovisuais pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP). Bacharel em Comunicação Social (habilitação Cinema) pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Sócio da produtora Raio Verde de 2013 a 2017. Hoje trabalha como docente no curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Estadual do Paraná (Unespar).

"Eugène Green e a hipótese do cinema descortinadoafirma-se como um elogio sincero de uma atitude criativa capaz de fazer do cinema um ato semântico pela economia de elementos visuais e sonoros. O método desenvolvido por Pedro Faissol para aliar análises estéticas precisas e exigência intelectual é rara e representa, sem dúvida alguma, uma iniciativa louvável no campo dos estudos de cinema de maneira geral, e no contexto editorial brasileiro em particular. Resta-nos esperar que este livro conquiste novos espectadores e espectadoras para os filmes singulares de Eugène Green, mostrando-lhes o caminho dos prazeres hermenêuticos."

Tatiana Monassa
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