Contos Morais e o Cinema de Éric Rohmer

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A partir da análise dos seis filmes do ciclo dos Contos Morais, realizados entre 1963 e 1972, Alexandre Rafael Garcia apresenta o estilo de Éric Rohmer. O recorte se constitui como importante porta de entrada para a compreensão dos modos de produção, da narrativa e da mise en scène do cineasta francês, singular personagem na história das artes.

Esse livro reúne uma combinação ímpar. De um lado, Éric Rohmer e os seus Contos morais; de outro, Alexandre Rafael Garcia, também cineasta, admirador do diretor francês e um pesquisador com grande entusiasmo pela descoberta do que os filmes podem revelar. Quando evoco a imagem de uma combinação é porque aqui se completa, em fina simbiose, um tipo de simetria rara. Explico melhor. Éric Rohmer é reconhecido por seu realismo econômico que se realiza por enquadramentos precisos, encenação pontual em que nada excede e uma sonoridade centrada na verborragia de seus personagens. Se com poucos ingredientes se faz filmes contundentes, é a partir do reconhecimento da potência dessa economia que o texto de Alexandre faz reverberar os efeitos de sentido, sem o apego a teorias e modismos acadêmicos, o crítico aqui revela que são os filmes a matéria fina do conhecimento, e esse embate é muito bem traduzido por um texto orgânico, bem medido, e com bastante seriedade acadêmica.

Ao optar pelo estudo dos Contos morais, o pesquisador se concentrou num período caro ao cineasta, ali onde se desenhava um estilo que iria se atualizar em outras formas e narrativas, em uma filmografia vasta e complexa, em que impera em tons variados um realismo corpóreo, por meio da articulação reduzida e calculada do campo da imagem e de sua extensão sonora. Para o alcance da dimensão dessa complexidade, o autor dessa publicação revelou fissuras, talvez fracassos, o movimento interessante da crítica à realização audiovisual e também o trabalho de Rohmer com a televisão. Esse percurso se completa com uma análise bastante original dos modos de produção do cineasta francês, num mergulho estratégico de quem olha o passado para recuperar processos que não apenas revelam o produto-filme, mas também indicam que a crítica pode ir além da análise para promover processos educativos pelo cinema. Assim, ao seu modo, o resultado dessa empreitada pode inspirar outros trabalhos de pesquisa e também de realização cinematográfica, por meio da valorização da educação do olhar que reverbera nos processos de produção no cinema e no audiovisual.

GILBERTO ALEXANDRE SOBRINHO, professor do Instituto de Artes e do Programa de Pós-Graduação em Multimeios, da Unicamp

Sobre o autor

Alexandre Rafael Garcia nasceu em 1985 em Curitiba. É pesquisador, realizador e professor de cinema. Doutorando em História na UFPR, mestre em Multimeios no Instituto de Artes da Unicamp e bacharel em Cinema pela Faculdade de Artes do Paraná. Fundou e foi sócio da produtora O Quadro de 2010 a 2015. Criador da Coleção Escrever o Cinema e da série Dicionário de Cinema. Hoje trabalha na Universidade Estadual do Paraná (Unespar).

"Alexandre Rafael Garcia segue o estilo de Rohmer na precisão seca do corte. Testemunha a matéria-prima do cineasta dos afetos e das sensações, dos gestos no mundo, em seu modo prosaico de fazer cena e reivindicar moral. As grandes emoções não se deixam levar, nem as grandes frases empoladas – os momentos cruciais não têm circunstância. Garcia sabe captar este movimento e acerta na mosca do olhar rohmeriano. Pois Rohmer é o poeta do prosaico e das pequenas emoções que se expressam em micro movimentos, das superfícies do mundo, dos traços sutis na expressão, das paisagens e cenografias delicadamente construídas."

Fernão Pessoa Ramos
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