Havê-la Enquanto Se Vive - de Thereza Cristina Rocque da Motta

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A HÉLADE DE THEREZA CHRISTINA ROCQUE DA MOTTA

Neste novo trabalho, Thereza Christina Rocque da Motta reúne textos de sua produção lírica, cujo fio condutor está diretamente relacionado com o mundo grego. Não se trata de tarefa fácil, posto que a civilização grega é um dos principais pilares do mundo ocidental e, por isso mesmo, tem sido objeto de diferentes tipos de visitação ao longo dos mais de três mil anos de sua existência, principalmente se considerarmos os seus primórdios na cultura cicládica, desenvolvida antes de 3200 a.C. No entanto, Thereza habilmente tece a sua poesia, não apenas com imagens fortes, palavras e estruturas bem articuladas no labor poético, mas de modo a nos mostrar que o mundo grego sempre será um percurso possível (e, talvez, necessário) para o nosso autoconhecimento.
Elementos caros ao mundo grego se fazem presentes desde os poemas iniciais e atravessam todo o livro. Um deles é a relação do mundo grego com o mar. Logo no primeiro poema, Thereza (ou se preferirem, o eu lírico que anima seus poemas) chama-nos a atenção para essa relação, que pode ser tão forte que, como nos dizem dois de seus versos: “O mar está lá a? tua espera / mesmo que não estejas lá”. Ou seja, o ser tocado pelo ethos grego leva o mar dentro de si, mesmo estando distante de sua visão. A sua presença é sempiterna e é um constante topos de referência, ainda que experimentado como ausência. No poema “Alumbramento”, o mar é a tumba que testemunha e resguarda a passagem dos gregos pelo mundo: “Os odres de azeite e vinho desceram até o fundo do mar / e lá ficaram”. Aqui, o mar é o livro onde estão gravadas as ações dos antigos gregos, nos dando testemunho de sua aventura, de seus negócios e de seu legado, metaforizados pelo “azeite” e pelo “vinho”. Em outro poema (que não cito o nome para que o leitor possa descobri-lo por si mesmo), o mar é a própria substância que molda o sentido de existência do ser em sua passagem pela vida: “O mar, póstumo e ferido, / que, antigo e breve, / molda meus desígnios”. O leitor sensível não poderá perder a oportunidade de se deixar levar pela força desses versos, que unem passado e presente para nos lembrar que o mar também representa as forças que estão além de nossa própria potência e que, de algum modo, possuem muita influência na modelagem de nosso destino.

Do prefácio de William Soares dos Santos

POESIA ERUDITA, SÓ PARA INICIADOS

Difícil para um poeta comprometido com a contemporaneidade escrever qualquer texto sobre este livro, moldado por uma absoluta aura clássica – da temática à semântica, do conceito à construção, dos cenários às personagens.
Pontuado por citações históricas, míticas ou lendárias, quase sempre da Antiguidade – especialmente a grega –, o livro sugere uma estranha unidade, onde todos os poemas parecem ser um só grande poema dividido em várias cenas, talvez pequenos capítulos. Tudo muito fluido. Tudo meio enigmático, desde o título... Sei que cumpres teu destino, / que a nenhum outro foi dado. / Este, o fado da poesia:/ havê-la enquanto se vive ...até o último poema, que sugere não ser um fim, apesar do ponto final: Serão todos os seres / o infinitesimal, o nada, / dispersos por toda parte, / à espera.
Talvez um dos primeiros poemas, “No fim, o começo de tudo”, seja uma chave para um de todos os mistérios. Ao mesmo tempo, surpreendentemente, ao concluir a leitura, tenho a sensação de que o tempo parou e que o mundo ficou por lá, à espera.

Cairo de Assis Trindade

Havê-la enquanto se vive... seus títulos são mais do que isso – são como epigramas, cápsulas de significação tão concentradas quanto os seus Poemas, condutos inquestionáveis de consistência semântica impermeável a qualquer falsa semia. Sua Poesia é como a lança de Parsival: quem quer que se aproxime dela sem um coração aberto corre o sério risco de perecer.

Marcílio Farias

SOBRE A AUTORA:

Thereza Christina Rocque da Motta nasceu em São Paulo, em 10/07/1957. É poeta, editora, tradutora, formada em Direito pela Universidade Mackenzie, em 1981. Chefe de pesquisa do Guinness Book, o Livro dos Recordes (1993) e coordenadora de pesquisa dos Projetos Especiais da Editora Três, até 1995. Participou da Conference on World Affairs, na Universidade do Colorado, Boulder, em 2002, 2003 e 2005. Membro da Academia Brasileira de Poesia, do PEN Clube do Brasil e da Academia de Artes, Ciências e Letras do Brasil (ACILBRAS). Jurada de Tradução do Prêmio Jabuti em 2018. Fundou a Ibis Libris Editora em 2000.
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